Aspectos psicológicos no tratamento da obesidade e hipertensão



A partir da idéia proposta pela Organização Mundial de Saúde-OMS de que a saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de distúrbios ou doença, e que o indivíduo precisa buscar este bem-estar, a Dra. Luciana Ferreira Ângelo, responsável pelo departamento de psicologia da Sociedade Brasileira de Hipertensão discutiu no XVIII Congresso Brasileiro de Hipertensão os aspectos psicológicos no tratamento da obesidade, um dos fatores de risco para hipertensão.

A obesidade ocorre em função de um distúrbio da leptina, peptídeo secretado pelas células adiposas, que regula a sensação de saciedade do indivíduo. Em condições ideais, o aumento dos depósitos de gordura produz sinais que inibem a ingestão de alimentos. Nos obesos, porém, há uma disfunção nessa retroalimentação mediada pela leptina.

Porém, dos quatro tipos de hiperfagia, ou superalimentação que desencadeia a obesidade, apenas um não está relacionado ao aspecto psicológico. O primeiro tipo ocorre em reação a tensões emocionais inespecíficas como solidão, angústia, insatisfação; o segundo como resposta a uma tensão crônica ou a uma frustração, é quando o alimento substitui o prazer, o terceiro tipo é quando oculta um problema emocional, como por exemplo depressão; e o quarto e último tipo, a superalimentação é a forma de apetite compulsiva e devoradora. Está relacionada ao hábito e não tem relação com distúrbios emocionais.

Apesar do último não estar associado às causas emocionais, está relacionado ao hábito de vida das famílias de hoje, cada vez menos ativas fisicamente e comendo cada vez mais alimentos gordurosos. Segundo a Dra. Luciana, o comportamento em saúde é motivado pelo desejo de proteger-se contra doenças, a conscientização da necessidade de uma ação para a saúde ou a forma como os indivíduos resolvem seus conflitos internos de percepções e crenças a qual, é determinada por aspectos culturais. “Mas não basta saber da necessidade de se cuidar, é preciso ter atitudes e comportamento preventivo”, comenta.

Por isso, a obesidade só aumenta, e a estimativa é que atinja em 2040 cerca de 25% da população nos Estados Unidos. Aumenta-se o número de pessoas obesas e o sobrepeso delas. Estima-se que hoje, cerca de 1,5% da população americana que estão sob stress do emagrecimento forçado, desenvolvem a Síndrome do Comer Noturno, quando o indivíduo consome 56% da sua ingestão calórica diária entre 22hs e 6 hs e em conseqüência disso, apresenta declínio do humor no final da tarde.

Das pessoas com a Síndrome do Comer Noturno, 10% estão em tratamento em clínica para obesidade e 27% entre pacientes de cirurgia para obesidade bariátrica.
Novamente se confirma o stress, a baixa auto-estima, a depressão ou perda de interesse e prazer em situações cotidianas, a ansiedade ou estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, como manifestações psicológicas desencadeadoras da doença.

Estudo publicado no International Journal of Obesity, “Efficacy of exercise for treating overweight in children and adolescents: a systematic review”, mostrou em mais de 600 trabalhos, onde 2,5% foram selecionados avaliando a prática dos exercícios supervisionados com população controle e comparando os efeitos dos tratamentos dietoterápicos e comportamentais com ou sem exercícios. Como resultado, houve perda de 2,7Kg para os sujeitos com intervenções combinadas, aliando exercícios, dieta e terapia comportamental, e redução de até 4kg com aumento da intensidade e duração da intervenção.

“Para os pacientes em procedimento cirúrgico, o tratamento deve contemplar aspectos ligados aos sentimentos, medos, inseguranças, angústias, fantasias e à vivência durante a cirurgia. Até o processo de ruptura com o passado precisa ser revisto, uma vez que o paciente pode não se reconhecer nas atitudes e convívio pós-operatório”, acrescenta Luciana.



Fonte:http://www.sbh.org.br/geral/noticias.asp?id=147

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